
Olá queridos!
Como vocês devem ter percebido eu mudei o visu do blog né?então eu tinha a listinha dos meus favoritos então quem não tiver ali(pois eu esqueci o blog de todo mundo mi avisa que ai eu boto)
Um hoje o dia na escola foi NORMAL resumindo foi um tédio!
MUDANDO DE ASSUNTO...
Vou postar hoje um texto de Clarice Lispector que vagando pela internet eu encontrei só que o texto é muito grande então vou botar aqui a parte que eu mas gostei Ok?=)
  
Amor
Clarice Lispector
"Mas a vida arrepiava-a, como um frio. Ouvia o sino da escola, longe e constante. O             pequeno horror da poeira ligando em fios a parte inferior do fogão, onde descobriu a             pequena aranha. Carregando a jarra para mudar a água - havia o horror da flor se             entregando lânguida e asquerosa às suas mãos. O mesmo trabalho secreto se fazia ali na             cozinha. Perto da lata de lixo, esmagou com o pé a formiga. O pequeno assassinato da             formiga. O mínimo corpo tremia. As gotas d'água caíam na água parada do tanque. Os             besouros de verão. O horror dos besouros inexpressivos. Ao redor havia uma vida             silenciosa, lenta, insistente. Horror, horror. Andava de um lado para outro na cozinha,             cortando os bifes, mexendo o creme. Em torno da cabeça, em ronda, em torno da luz, os             mosquitos de uma noite cálida. Uma noite em que a piedade era tão crua como o amor ruim.             Entre os dois seios escorria o suor. A fé a quebrantava, o calor do forno ardia nos seus             olhos.
    
         Depois o marido veio, vieram os irmãos e suas mulheres, vieram os filhos dos             irmãos.
    
         Jantaram com as janelas todas abertas, no nono andar. Um avião estremecia,             ameaçando no calor do céu. Apesar de ter usado poucos ovos, o jantar estava bom. Também             suas crianças ficaram acordadas, brincando no tapete com as outras. Era verão, seria             inútil obrigá-las a dormir. Ana estava um pouco pálida e ria suavemente com os outros.             Depois do jantar, enfim, a primeira brisa mais fresca entrou pelas janelas. Eles rodeavam             a mesa, a família. Cansados do dia, felizes em não discordar, tão dispostos a não ver             defeitos. Riam-se de tudo, com o coração bom e humano. As crianças cresciam             admiravelmente em torno deles. E como a uma borboleta, Ana prendeu o instante entre os             dedos antes que ele nunca mais fosse seu.
    
         Depois, quando todos foram embora e as crianças já estavam deitadas, ela era uma             mulher bruta que olhava pela janela. A cidade estava adormecida e quente. O que o cego             desencadeara caberia nos seus dias? Quantos anos levaria até envelhecer de novo? Qualquer             movimento seu e pisaria numa das crianças. Mas com uma maldade de amante, parecia aceitar             que da flor saísse o mosquito, que as vitórias-régias boiassem no escuro do lago. O             cego pendia entre os frutos do Jardim Botânico.
    
         Se fora um estouro do fogão, o fogo já teria pegado em toda a casa! pensou             correndo para a cozinha e deparando com o seu marido diante do café derramado.
    
         — O que foi?! gritou vibrando toda.
    
         Ele se assustou com o medo da mulher. E de repente riu entendendo:
    
         — Não foi nada, disse, sou um desajeitado. Ele parecia cansado, com olheiras.
    
         Mas diante do estranho rosto de Ana, espiou-a com maior atenção. Depois atraiu-a a             si, em rápido afago.
    
         — Não quero que lhe aconteça nada, nunca! disse ela.
    
         — Deixe que pelo menos me aconteça o fogão dar um estouro, respondeu ele             sorrindo.
    
         Ela continuou sem força nos seus braços. Hoje de tarde alguma coisa tranqüila se             rebentara, e na casa toda havia um tom humorístico, triste. É hora de dormir, disse ele,             é tarde. Num gesto que não era seu, mas que pareceu natural, segurou a mão da mulher,             levando-a consigo sem olhar para trás, afastando-a do perigo de viver.
    
         Acabara-se a vertigem de bondade.
    
         E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por             um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela,             soprou a pequena flama do dia."
        O motivo deu postar esse texto e porque eu amo Clarice Lispector e sempre quis postar aqui algo dela então como eu estava vagando pela internet eu encontrei e gostei resolvi postar,espero que vocÊs gostem,e si vocês quiserem ler tudo passa no site.